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O Psicólogo e o Processo de Adoecimento

Você já conheceu alguém que passou por alguma  doença e sentiu grande dificuldade em enfrentar essa situação?  Nestes últimos dias, em que temos vivenciado experiências tão dolorosas, quero compartilhar com vocês, alguns pontos acerca da saúde x doença.

Segundo o modelo biomédico uma pessoa saudável  é aquela que está livre de sintomas físicos ou desconfortos que paralisem suas funções da vida diária , trabalha-se  para a remissão destes, isso é feito  através de medicações, cirurgias, entretanto, quando o adoecimento acontece, há  uma variedade de mudanças  e lutos que o paciente precisa enfrentar, assim como seus familiares ou pessoas próximas que se tornarão sua rede de apoio.

Estar  doente pode representar o contato do indivíduo com sua vulnerabilidade e  coragem, pois  ao adoecer perde-se  um pouco de nossa identidade, autonomia e  controle sobre  a nossa rotina , ficamos vulneráveis, passamos a  depender  dos outros, sejam os profissionais de saúde que irão nos tratar, assim como os familiares que se tornarão nosso suporte emocional. Ao entrar em um hospital para fazer um procedimento, passar por internação é necessário que o paciente  aceite ser cuidado pelo outro para que assim possa obter os benefícios do tratamento, ocorre que em alguns casos, onde o tratamento é grave, há uma certa resistência, negação, pois ao se ver fragilizado e com medo, muitas vezes o paciente  não adere da forma que deveria, neste caso,  precisará exercitar sua coragem para não desistir de si mesmo e acreditar no seu potencial de cura.

A partir  dessa reflexão, trago a importância da  figura do Psicólogo.

 

Dentro  e  fora  do hospital , esse profissional terá o papel de acolher esse paciente, acompanha-lo em sua jornada, orientar familiares e profissionais, intermediando muitas vezes, essa relação de quem está sendo cuidado, de quem cuida e de quem acompanha. O  Psicólogo tem uma escuta ativa, ou seja, ele tem sua atenção voltada para as necessidades daquele paciente e quando   este recebe alta, na maioria das vezes ele não é orientado a continuar o acompanhamento  como em casos de  doenças oncológicas, por exemplo, onde  o paciente continuará vivenciando a vulnerabilidade, já que o tratamento é longo  e doloroso. Em minha  experiência clinica tenho ouvido de alguns pacientes que estão passando por tratamentos  difíceis, o quanto tem sido importante para eles ter esse espaço de escuta  além do  ambiente hospitalar.

Ao  Psicólogo  cabe investigar entre outras coisas, qual o impacto do adoecimento na vida  deste indivíduo, como ele  reage às  situações adversas, se atua de forma passiva ou de  forma ativa  na  sua relação com o tratamento.

Os relatos de angústia, expectativas, receios de como será o futuro, são frequentes nos atendimentos psicológicos. Pensando nisto, quis trazer esta reflexão, de que o atendimento psicológico pode ser uma ferramenta importantíssima no enfrentamento e recuperação dessa pessoa, pois ao se sentir acolhido e acompanhado, poderá ressignificar  o adoecimento, criando uma conexão com familiares, equipe médica e, principalmente com ele mesmo.

Se você já passou por essa experiência ou está vivenciando, não hesite em buscar apoio psicológico, caso sinta necessidade.  Descobrirá que é possível ultrapassar ou até mesmo aceitar  sua condição, tendo uma melhor qualidade de vida.

Lucia Paulino