Categorias: Filhos

Encoprese infantil

O que é encoprese?

A encoprese é geralmente definida como evacuações repetidas de fezes, involuntária ou voluntariamente, em geral de consistência normal ou quase normal, em locais não apropriados para esse propósito no contexto sociocultural do individuo.

Características:

Frequentemente, está relacionada à constipação (intestino preso), impactação e retenção de fezes. A consistência das fezes na encoprese pode variar, sendo normal ou próxima ao normal, líquida ou muito dura (Pitrez & Pitrez, 1999). Em crianças escolares e pré-escolares a primeira constipação pode se desenvolver por razões psicológicas, apresentando uma ansiedade diante da possibilidade de defecar em local inadequado (escola, ônibus, festa, etc), ou então como um padrão de comportamento de oposição.

Causa:

Sua causa pode ser de ordem fisiológica ou emocional, por isso é importante a avaliação médica e psicológica.

Encoprese infantil:

A criança com encoprese usualmente sente vergonha e pode desejar evitar situações diferentes que possam lhe provocar embaraços como, por exemplo, dormir na casa de colegas, participar de acampamentos ou viagens.

Em geral, essas crianças apresentam alguns traços de personalidade comuns, por exemplo, dificuldades no controle da agressão, dependência exagerada dos pais e apresentam intolerância a situações frustrantes. Sua auto-estima geralmente é baixa e a maioria delas têm consciência das constantes rejeições sofridas.

O fato de a criança sujar-se com fezes pode ser deliberado ou acidental, resultando de sua tentativa de limpar ou esconder as fezes evacuadas involuntariamente.

Prognóstico:

A encoprese é afetada pela disposição e capacidade da família para participar do tratamento sem ser demasiadamente punitiva e pela conscientização da criança sobre o momento em que a evacuação de fezes está prestes a ocorrer.

Constipação x Encoprese:

A titulo de curiosidade, optamos por diferenciar a encoprese da constipação. Esta é definida pela Sociedade Norte Americana de Gastroenterologia Pediátrica e Nutrição como o retardo, ou dificuldade nas defecações, presentes por duas ou mais semanas, e suficiente para causar desconforto e ansiedade significante para o paciente (Backer etal., 1999).

A doença caracteriza-se pela retenção fecal quando não existem anomalias anatômicas ou causas dietéticas. Uma vez que a constipação se desenvolva, ela pode ser complicada por uma fissura anal, defecação dolorosa e retenção fecal (Bohrer, Lueska, Zimmer e Kummer , 2002).

Com isso a criança com constipação costuma passar vários dias sem evacuar, o que ocasiona uma transformação no ambiente em torno dela e da liberação das suas fezes. Os pais observam, tentam lidar com a situação variando o cardápio, administrando chás, oferecendo trocas, e nenhuma mudança acontece no quadro clínico. Instala-se um clima de ansiedade, preocupação, angústia, incompreensão, impaciência.

O prognóstico da patologia é favorável. “Na Constipação a maioria das crianças tem a dificuldade resolvida aos sete anos” (Pitrez & Pitrez, 1999, p. 103).

Como surge a encoprese?

Primeiro, a criança tem dor ao defecar. A dor é provocada pelas cólicas ou pelo fato de as fezes serem mais duras. Para evitar a dor, a criança acaba por reter as fezes, evitando a ida ao banheiro. Com o tempo, o reto vai se distendendo, perdendo sensibilidade, e acabam por se acumular quantidades cada vez maiores de fezes duras. A certa altura, o reto está totalmente preenchido por fezes duras, quase sem sensibilidade, e cada vez que chegam novas fezes líquidas à parte terminal do intestino, conseguem passar pelo ânus sem que a criança perceba, acabando assim por sujar a roupa  involuntariamente. Inicialmente, só passam pequenas quantidades, razão pela qual os pais não percebem a situação ou julgam que a criança se está se limpando mal após a ida ao banheiro.

Com o tempo, a quantidade começa a aumentar e, como estas fezes não passam pelas fases de digestão normal do intestino, tornam-se pegajosas e com muito mau cheiro. Em geral, esta situação manifesta-se mais frequentemente durante o dia, enquanto a criança está ativa, e muito raramente de noite, durante o sono.

Consequências na vida da criança:

A encoprese não é considerada uma alteração do comportamento normal da criança. Pelo contrário. Devido à encoprese, a criança pode passar a manifestar alterações comportamentais, nomeadamente baixa de auto-estima, mau rendimento escolar e até conflitos com os pais. Frequentemente, estas situações tendem a arrastar-se por a criança, com vergonha, negar e não aceitar que tem este problema.

Impacto da encoprese na família:

O impacto deste distúrbio na vida da criança a não se limita a ela própria; as famílias afetadas pela doença sofrem consequências muitas vezes devastadoras. Para os pais e cuidadores dessas crianças, estas  é uma das disfunções mais frustrantes da infância. Entre os fatores de estresse familiar encontram-se a elevação de despesas, tempo, e esforços associados com a limpeza e compra de novas roupas pessoais e roupas de cama, bem como colchões, travesseiros e sofás.

Implicações psíquicas:

Observamos as principais implicações psíquicas vividas por crianças e adolescentes com  encoprese. Entre as consequências negativas da encontram-se a baixa estima pessoal, o isolamento, e o alto estresse relacionado ao medo de ser ridicularizado por companheiros. Warzak adverte acerca do alto risco violência física e emocional, principalmente quando a criança é percebida pela família como preguiçosa, relutante ou rebelde.

* essa matéria é um resumo das informações que você pode encontrar de forma mais completa nas fontes citada abaixo*

Fonte:

Constipação X Encoprese – O Que Fazer Com o Cocô?Ana Paula Siviero Pacheco2

GRÜNSPUN, H. Distúrbios Psiquiátricos da Criança. Rio de Janeiro: Livraria Atheneu, 1978.

Revista Brasileira de Psiquiatria., vol22 s.2: São Paulo, dec. 2000.

PsiqWeb, Internet, disponível em http://www.psiqweb.med.br/infantil/conduta.html

Electronic Document Format (ABNT)

SOARES, Ana Helena Rotta et al . A enurese em crianças e seus significados para suas famílias: abordagem qualitativa sobre uma intervenção profissional em saúde.

Rev. Bras. Saude Mater. Infant., Recife, v. 5, n. 3, Sept. 2005 . Disponível em: . Acesso em: 17 Jan. 2009. doi: 10.1590/S1519-38292005000300006.