Medo, formigamento, dores no peito, sensação de que alguma coisa terrível está prestes a acontecer, medo de morrer, de sofrer um ataque cardíaco, fraqueza nas pernas, sensação de desmaio, vertigem, tremores, sensação de irrealidade…
Esses são apenas alguns sintomas descrito por uma pessoa que apresenta um quadro de Síndrome do Pânico e que podem naturalmente ser confundido com um ataque cardíaco. Seus sintomas são semelhantes aos que ocorrem quando fazemos esforço físico e até mesmo quando nos deparamos com situações que colocam em risco nossas vidas.
Geralmente, as pessoas acometidas pela Síndrome do Pânico convivem anos com esses sintomas até receberem um diagnóstico acertado. Fazem verdadeiras peregrinações em emergências de hospitais em busca de uma solução para seu “problema”, se submetem a uma série de exames e, ao final, recebem o tão esperado diagnóstico: nada, você está ótimo, está tudo bem com sua saúde, deve ser estresse!
Inicia-se um longo período de temor e insegurança, já que as crises tornam-se casa vez mais frequentes. Os pacientes vivenciam uma sensação de impotência, pois mesmo ao receber os resultados positivos dos exames, seus sintomas retomam causando muito angustia e sofrimento.
Os profissionais de saúde devem estar preparados para ver além de resultados. O fato de realizar um exame e verificar que está tudo bem com a saúde física, não significa de maneira alguma que a pessoa não tenha nada, que não esteja sofrendo nada! Sabemos que uma pessoa que sofre de Síndrome do Pânico não está diante de um risco ou ameaça real, mais seu sofrimento existe, e é real para ela.
Por isso, receber um diagnóstico acertado é o início de um período de grande alívio e da ao paciente a possibilidade de buscar um tratamento adequado a sua necessidade.
A primeira crise:
A Síndrome do Pânico é caracterizada por crises agudas de ansiedade, conhecidas por crises de pânico. Seus sintomas chegam de forma aterrorizante, pois aparecem sem nenhum sinal premonitório, ou seja, não há, aparentemente, nenhum estimulo disparador compatível com a intensidade das crises. Você está passeando no shopping, tudo está na mais perfeita harmonia e de repente você é tomado por uma intensa sensação medo acompanhada por sintomas físicos, que se assemelham a sensação de morte ou risco eminente.
Como não podem prever a hora ou o momento de uma nova crise, a pessoa passa a associar as crises aos locais ou as situações onde os ataques já ocorreram e muitos passam a evitar tais situações. Como consequência começam a limitar e restringir seu contato social abrindo mão do lazer, trabalho, compromissos sociais…
Muitos, em função de suas crises passam por situações constrangedoras, onde assustaram seus familiares, interromperam repentinamente alguma atividade, sem contar os prejuízos causados a sua auto estima.
Causas:
As pessoas que sofrem de Síndrome do Pânico, inicialmente não conseguem perceber nenhuma situação ou motivo que justifique a ocorrência desse quadro. Porém, durante o acompanhamento psicoterapêutico, percebemos uma relação entre alguns episódios da vida íntima da pessoa que desencadeiam uma incontrolável ansiedade e angustia e que ao serem relembrados durante o atendimento, trazem a tona sensações que se assemelham aos sintomas da Síndrome do Pânico.
Esse fato nos faz pensar na relação entre Síndrome do Pânico e as dificuldades afetivas/ relacionais do paciente. Essa ideia deixa um pouco de lado a suspeita de que a Síndrome do Pânico estaria relacionado ao estresse do dia a dia, e as mudanças culturais.
Importante:
* Ao se deparar com os sintomas acima descritos, em primeiro lugar, procure um cardiologista, faça todos os exames, para então excluir uma possível causa orgânica desencadeadora das crises. Em alguns casos os sintomas podem estar relacionados a alguma alteração física.
*Cada pessoa tem sua própria história, os sintomas variam de pessoa para pessoa.
*Algumas pessoas apresentam um único ataque de pânico que não se repete ao longo do tempo. Caracterizamos como Síndrome do Pânico quando as ataques são frequentes e se agravam ao longo do tempo .
*Sintomas característicos da síndrome do pânico podem estar relacionados ao uso de álcool e drogas e as crises de pânico costumam acontecer no período de abstinência.
Referência: SILVA, A. B. B. Mentes com medo: da compreensão a superação, São Paulo, 2006.